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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Ari Neto, meio século de rádio

O ano de 1948 marcou muito para o casal Leandro Cordeiro Antony e Maria Edith Herculano. Afinal, o primogênito chegava ao mundo no dia 13 de março, na Santa Casa de Misericórdia de Manaus. Sempre dedicada, a dona de casa deu à luz mais cinco filhos, três meninas e três meninos. Uma faleceu aos seis meses. 

Herculano, foi um jornalista e chegou a ser chefe de gabinete do primeiro governo do saudoso Gilberto Mestrinho, no final da década de 1950. O primeiro filho do Sr. Leandro, recebeu o nome de Aristophano Antony Neto, homenageando o avô paterno destacado jornalista manauara e presidente do Atlético Rio Negro Clube por 18 anos. 

Aristophano Antony deixou seu nome na história do clube. O ginásio de esportes da agremiação tem o seu nome. Também foi fundador da Associação de Imprensa do Amazonas e membro da Academia Amazonense de Letras. Ari, faz questão de ressaltar, que seu avô materno, João Herculano, um cearense de Fortaleza, foi seringalista no Amazonas de muita importância e garra.

Relatar a trajetória de Ari Neto, como ficou conhecido na crônica esportiva é uma missão agradável e cheia de detalhes. Aposentado como fiscal tributário da SEFAZ (Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas), é pai de um casal de filhos e avô de cinco netos. Uma das características dele é a lembrança sempre viva da cidade, que ama incondicionalmente. Se considera um saudosista assumido! Destaca seus tempos de criança na rua Rotary entre as avenidas Joaquim Nabuco e Getúlio Vargas, na cidade pacata e salutar com menos de 200 mil habitantes. 

Ari busca na memória as brincadeiras de bola, peão, bola de gude, roda, papagaio (pipa) e diversas atividades. Gostava dos balneários Guanabara, Parque 10 de Novembro, Ponte da Bolívia, Tarumã e de ir aos cinemas Avenida, Polyteama, Guarany e Odeon, entre outros. Além de dançar nas "Manhãs de sol", comum em Manaus até os anos de 1970. Tornou-se admirador inconteste das canções gravadas por Chico Alves, Carlos Galhardo, Nélson Gonçalves, Alcides Girard, Elizeth Cardoso, Cauby Peixoto, Silvio Caldas, Dalva de Oliveira e tantos outros nomes clássicos da música brasileira da época de ouro da Rádio Nacional, ícone da comunicação desde o final dos anos de 1930 no Brasil. 

A radiofonia entrou definitivamente para a vida de Ari Neto. Ainda muito jovem, em 1967, aos 19 anos de idade, entrou para o quadro de profissionais da hoje extinta Rádio Baré, emissora integrante dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, onde ficou até 1969, como repórter de campo, auxiliando o narrador da partida de futebol. 

Transferiu-se para a Rio Mar, permanecendo de 1969 a 1971. Enfim, veio a Rádio Difusora. Então, surgiu na sua caminhada, o chefe do departamento de esportes da emissora, João Bosco Ramos de Lima, técnico campeão no futebol amazonense pelo São Raimundo Esporte Clube (1966), narrador e comentarista esportivo, que o indicou para narrar jogos do esporte mais popular do mundo. Aliás, João Bosco, também foi eleito senador pelo Amazonas em 1978 e morreu em pleno mandato um ano depois (11/05/1979), deixando o cargo para a Eunice Michiles assumir, sendo a primeira senadora da República em 1979. 

Ari, é uma enciclopédia ambulante, como dizem alguns de seus amigos e ex-colegas de profissão. Em minutos enumera vários nomes de jogadores do passado que viu atuar e faz uma comparação com os dias de hoje. Na capital amazonense a modalidade lotava os acanhados estádios. "Foi uma época maravilhosa de casa cheia e de craques inesquecíveis. 

O Parque Amazonense era um ícone para os atletas que jogavam com muita dedicação", diz com orgulho. Apesar da saudade dos áureos tempos, busca valorizar a nova geração, lamentando a falta de apoio e ausência de mais público nos estádios, vendo a participação dos times locais na quarta divisão nacional. 

Ari Neto passou por todas as emissoras Am (Amplitude Modulada) de Manaus, e relembra com muita satisfação ter narrado a vitória do Fast contra o Fluminense em pleno Maracanã, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 1977, embora o jogo tenha acontecido no começo de 1978, como mandava o calendário daquela competição. A lista de emissoras que exerceu a sua brilhante atividade é extensa: Baré, Rio Mar, Difusora, Ajuricaba (extinta), Sucesso (extinta), Globo/Baré, Já Panamazônica (web) e Mix da Amazônia (web). São cinco décadas de radiodifusão com recordações que trazem uma imensa bagagem. 


Ele comenta que não escuta mais rádios como fazia, devido ao conteúdo conturbado e sem critérios de qualidade. Pontua que fez teste para ingressar na profissão. Ao ser perguntado qual a dica ou conselho, que deixa para os jovens futuros radialistas é objetivo: "Primeira coisa na vida do ser humano é a humildade, se não tiver eu nem chego perto. Saber perguntar e pedir dicas de como se comportar e esperar sua oportunidade sem atropelar ninguém. Ter desenvoltura e dedicação. Não é só no rádio, mas em todas as profissões. A humildade é essencial em todas as atividades humanas".

O entrevistado agradeceu com muita gentileza o encontro e desejou boa sorte aos alunos em geral, pois para ele a comunicação é uma dádiva e precisa ser sempre valorizada, com aperfeiçoamentos para mantermos relações favoráveis dentro da convivência social. Ari, segue aos 69 anos no caminho dos seus 70 anos de existência, com saúde e lucidez, agradecendo a Deus por tudo que conseguiu até hoje. Em meio século de rádio dedica aos familiares, colegas e amigos, sua paixão e amor ao popularíssimo veículo da comunicação. 

Acredita que possa ser feito um trabalho para a descoberta de valores ainda desconhecidos, mas que podem se destacar na mídia, desenvolvendo suas aptidões. Isso depende do envolvimento de pessoas sérias e dedicadas na área. Destacou que sonha em dar oportunidades aos jovens apoiando nos estudos, com o intuito de reunir equipes de rádio para a formação e aperfeiçoamento de novos profissionais, finalizou.   

Reportagem: Aldemir Bispo e Lucyo Ramos  

Foto: Aldemir Bispo
                        

Um comentário:

  1. Grande Ari. Um gênio do jornalismo esportivo do Amazonas. A nova geracao tem um grande exemplo a ser seguido.
    Inclusive, eu como futura jornalista, queria saber onde posso conseguir o contato de Ari? Queria muito fazer uma matéria para um jornal da faculdade e ficaria agradecida se pudesse compartilhar. Obrigada

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